terça-feira, 8 de julho de 2008

Che Guevara ainda é útil

Para salvar Ingrid Betancourt


Você já viu a foto. É uma das mais famosas do mundo. Mostra o guerrilheiro argentino Ernesto “Che” Guevara de boina, com olhar distante. Ficou conhecida como “Guerrillero Heroico”.

A imagem foi captada pelo fotógrafo cubano Alberto Díaz Gutiérrez, mais conhecido como Alberto Korda, em março de 1960 em Havana, durante evento em homenagem às vítimas de uma explosão. Mas só ficou conhecida anos depois. Virou ícone de jovens socialistas mundo afora depois que o Che foi capturado e morto na Bolívia.

2 de Julho de 2008. Após enganar os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, conhecidas como FARC, infiltrando agentes na organização, o exército colombiano libertou a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt, três norte-americanos e 11 soldados colombianos, reféns que eram cativos dos guerrilheiros há anos na selva.

Um detalhe me chamou atenção quando relatos do resgate começaram a surgir. Foi o uso de camisetas estampadas com a foto de Guevara pelos agentes colombianos que se fizeram passar por membros de uma organização humanitária simpática aos guerrilheiros. A própria Ingrid Betancourt citou a indumentária dos agentes em entrevistas.

O fato de camisetas com a foto “Guerrillero Heroico” terem sido usadas para iludir as FARC é de uma ironia tão grande que causa espanto que isso tenha passado despercebido por jornalistas e intelectuais conhecedores dos movimentos de esquerda na América Latina.

O episódio mostra que a foto de Korda, mais do que peça ideológica -- ou até mitológica, como querem alguns -- é uma eficaz ferramenta de marketing. Funciona tão bem que pôde ser usada com astúcia para vender gato por lebre a rebeldes que vagem pela floresta há décadas combatendo o capitalismo.

Fadada a ser tema de livros, documentários e filmes pelo grau de inteligência e ousadia com que foi realizada, a operação bem sucedida do exército colombiano é o melhor uso já imaginado para a famosa foto de Che Guevara feita por Alberto Korda. E prova que, ao contrário do que muitos pensavam, o Che e a foto de Korda ainda podem ser úteis.

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