sábado, 18 de outubro de 2008

Oi e tchau!


Fila em Bauru para desbloqueio de celular: devagar


Sábado de uma tarde de outubro com muito sol em Bauru. No centro da cidade, no chamado calçadão da (rua) Batista de Carvalho, muitas pessoas aguardavam numa fila enorme. Havia gente de todas as idades, desde grupos de garotas adolescentes que falavam o tempo todo até senhoras com sorrisos de avós, além de pais com ar sério carregando filhos pequenos inquietos com o calor.

Animados pela publicidade veiculada por uma operadora na televisão, vieram desbloquear seus telefones celulares, ou seja, fazer com que funcionassem com qualquer operadora, não apenas aquela da qual o haviam comprado. O desbloqueio seria feito gratuitamente no posto montado para este fim em um veículo ao lado das Casas Pernambucanas. Algumas pessoas já aguardavam na fila por mais de três horas.

A organização para atender tanta gente era precária. A maioria aguardava diretamente sob o sol. Na hora do almoço, não houve revezamento de técnicos responsáveis pelo desbloqueio dos celulares no veículo da operadora. Os funcionários foram almoçar e o trabalho simplesmente parou por mais de meia hora. Algumas senhas foram distribuídas, mas não o suficiente para todos. Na verdade, não o suficiente para sequer metade dos que esperavam na fila. E, após as 15h, os formulários que os interessados deviam preencher também acabaram, complicando ainda mais o atendimento.

Para completar, promotoras passavam ao longo da fila de vez em quando para informar uma novidade que muitos dos candidatos ao desbloqueio dos celulares só ficavam sabendo depois de passar um bom tempo em pé no calor da tarde: nem todos os modelos de telefone podiam ser desbloqueados. Algumas pessoas trouxeram dois, três, até quatro celulares para desbloquear de uma vez. De uma jovam que levara três, só um seria desbloqueado.

Pergunto a uma das promotoras o motivo de haver somente um local para atendimento de tanta gente. Ela diz que os técnicos que fazem o desbloqueio têm de cobrir toda a região, ou seja, também as cidades próximas. Proponho uma entrevista, questiono se, dada a publicidade que foi feita e o interesse despertado nas pessoas, não seria o caso colocar mais postos de atendimento. Ela diz que nem ela nem os outros funcionários no local estavam autorizados a falar.

Mas com quem eu poderia falar então? Com algum diretor ou supervisor, diz ela. Mas onde eu poderia achá-los? Difícil encontrá-los, retruca a moça. Eles não ficam apenas em um lugar, ficam rodando pelos pontos de venda. Mas então com quem falar sobre a demora para o atendimento de desbloqueio? Argumenta ela que não há nem o que reclamar, afinal o desbloqueio não é uma obrigação da operadora, é feito apenas para ajudar o cliente. A obrigação seria da operadora onde o celular foi comprado.

Até aí tudo bem, a operadora em questão não tinha mesmo a obrigação de fazer o desbloqueio. Mas ela apresentou-se ao mercado paulista insistindo na idéia de que seria diferente das demais e que estaria preocupada em simplificar a vida do cliente, já cansado do atendimento das outras, muitas das quais oferecem um serviço ruim de pós-venda e um atendimento de péssima qualidade para as reclamações.

Mas as pessoas que passaram horas debaixo de sol porque suas operadoras de telefonia celular não faziam o desbloqueio ou porque cobrariam pelo serviço que ali era oferecido de graça não aparentavam achar que sua vida estava ficando mais simples. A forma de tratar os clientes que vi nesse sábado de sol e calor em Bauru pareceu a mais pura mesmice. Tentar fazer uma reclamação e não ter com quem falar? Já vi situação extamente igual em outras operadoras. Será que vai mudar?

2 comentários:

Ulisses Oliveira disse...

acho q nao angelo!!! o servico provavelmente sera o mesmo...
belo texto!

Giul Martins disse...

A grande questão está na oferta. Sendo esta tão mirabolante a ponto de fazer com que inúmeras pessoas venham a deixar suas antigas operadoras para dar um oi para a Oi, quem pode garantir que a Oi irá ter o suporte técnico para um número tão grande de clientes, sendo que só para desbloquear o celular já está uma bagunça! Entendo que a situação é promocional, visando atender o cliente. Mas, se numa proporção tão insignificante de desbloquear um celular já aparece uma tonelada de problemas, que dirá nos três meses que a operadora dará seus serviços gratuitamente?!?! No momento todas as nossas linhas estão ocupadas?!?! Não estou defendendo as outras, mas também não acredito em milagres nem em papai noel. Se prometes algo, tens que cumprir totalmente! Do contrário, as operadoras já podem se candidatar para as próximas eleições.